Grupo atua no país desde o início dos anos 1980 e desenvolveu marcas como Ford, Hyundai e Chery mas também Renault e Subaru. Por Marcos Camargo Jr.
Na última semana o chairman do grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, morreu aos 77 anos em São Paulo. Médico de formação nascido na Paraíba, criou o maior grupo comercial de veículos da América Latina com atuação em diversas marcas como o grupo chinês Chery formando a joint-venture Caoa-Chery. Mas a marca do famoso executivo já trabalhou com outras montadoras como a Renault e também atraiu os japoneses da Subaru. Você sabia disso?
Ford Landau foi o “estopim”
A história de Carlos Alberto sempre esteve intimamente ligada a modernização da indústria automobilística nacional e a consolidação do mercado de veículos importados no país. Mas sua história começa intimamente ligada à Ford ainda nos anos 1970.
Tudo começou em 1979 quando o médico comprou um Ford Landau de uma revenda na capital da Paraíba que posteriormente faliu. O carro era o mais caro da linha Ford que tinha também os caminhões, Pickups, além do Corcel II e o Maverick que viria a sair de linha naquele ano.
Mas o Landau não foi entregue. E com a falência ficaria difícil reaver o prejuízo. Assim, Carlos Alberto arrematou a revenda por prejuízo pelo carro não entregue.
Assim, mesmo com a crise financeira da época Caoa mostrou bom tino para os negócios. Sobreviveu bem à mudança da linha Ford que lançaria o Del Rey em 1981 e depois a Pampa enquanto tiraria o Landau de linha. Em 1985 Carlos Alberto decidiu mudar a gestão da Caoa para São Paulo onde cresceu mesmo em um mercado abalado por crises e inflação galopante. Já nos início dos anos 1990 a Caoa, então sob a bandeira Ford, era uma das maiores da marca tanto no comércio de veículos quanto de caminhões.
Anos 1990 com a Renault e a Subaru
Com a reabertura econômica, em 1992 a Caoa decide entrar no ramo de importações e traz a marca Renault ao país. Até aquele momento só marcas premium estavam presentes aqui como BMW e Mercedes-Benz. A Caoa investiu pesado em propaganda e aproveitava a condição favorável para trazer uma linha completa de veículos com o Clio, R19, Express (furgão), R21 sedã e a perua Nevada entre outros.
Com a modernização da indústria, após o plano real a partir de 1994, a Renault decidia se estabelecer por aqui ao iniciar a produção local a Caoa ficaria pelo caminho. Ao receber indenização da marca Caoa queria ampliar o portfólio de marcas e em 1998 inicia a comercialização da marca japonesa Subaru, que detém até hoje. A marca tinha outra representação que foi passada com exclusividade ao grupo Caoa naquele ano.
Virada de chave
No ano seguinte Carlos Alberto adquire a representação da Hyundai que já estava no Brasil. A marca sul-coreana começa a crescer já a partir da virada do século com intenso investimento em propaganda. Modelos como Tucson, depois o sedã Azera, além do Elantra, Veloster e outros considerados carros de custo-benefício em outros mercados se tornam objetos de desejo para consumidores de classe média no país.
Em 2007 a Caoa inaugura uma fábrica em Anápolis para produzir veículos comerciais e depois o Tucson e o iX35. O processo envolveu suspeitas de negociação com o governo brasileiro, a época governado por Lula, que teria editado uma medida provisória em 2009 para favorecer a Caoa com uma ampla renúncia fiscal no estado de Goiás.
Capital chinês
Em 2017 a Caoa anuncia a joint-venture com a chinesa Chery que assume a fábrica de Jacareí/SP e amplia a fabricação de veículos em Goiás. A marca que estava no país desde 2011 não conseguia uma operação lucrativa. Em 2018, sob a nova gestão iniciava a renovação do Tiggo 2 com câmbio automático e rapidamente empreendeu o “ritmo Caoa” ampliando o portfolio que já tem Tiggo 3X Plus, última novidade da marca, além do Tiggo 5X, Tiggo 7, Tiggo 8 além dos sedãs Arrizo 5 e Arrizo 6.
Ao longo dessa história a Ford decidiu encerrar a produção de veículos em 2018. A Caoa tentou comprar a produção de caminhões sob a bandeira da marca em São Bernardo mas a Ford optou por não vender. A própria fábrica de Camaçari no início de 2021 teria sido assediada pelo grupo de Carlos Alberto para assumir a produção do Ka e EcoSport sob licença.
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