Com motor de 500cc e visual simples ele quase não evoluiu em 30 anos e sucumbiu à tecnologia do capitalismo. Por Marcos Camargo Jr
Há exatos 30 anos o Muro que separava a Alemanha entre um país “ocidental” e a DDR (Deutsche Demokratische Republik) ou República Democrática Alemã, socialista, simbolizou a queda de um regime arcaico. Também antigo era o carro fabricado pela Alemanha Oriental, o Trabant, enquanto o lado Ocidental tinha centenas de milhares de carros das linhas Mercedes-Benz, Audi, BMW, Volvo entre outros.
Do lado soviético, o pequeno Trabant era o símbolo do atraso. Lançado em 1957, o compacto com motor de 500cc e duas portas era rústico e não evoluiu por quase 30 anos.
Que carro era esse?
O Trabant tinha 3,37m de comprimento, carroceria feita em plástico altamente resistente e que não poderia ser reaproveitado. Na verdade o carro popular da Alemanha Oriental tinha estrutura de aço enquanto capô, teto e folha externa das portas e para lamas eram feitos em Duroplast, uma fibra reforçada com plástico termoendurecido. Depois de montado o carro finalmente pintado.
O motor de 500cc era refrigerado a ar e desenvolvia 26cv para alcançar um máximo de 100km/h (com sorte). Com dois tempos, o motor de dois cilindros exigia adição de óleo ao combustível, como nos DKW. Lento mas econômico, o Trabant não tinha nada além do essencial: jamais teve direção com assistência e itens elétricos. Era um carro na essência.
Não tinha sistema de bombeamento de óleo e o carburador usava a força da gravidade para que o combustível, em posição mais alta, pudesse descer para o equipamento e alimentar o motor.
Foram fabricadas cerca de 2,8 milhões de unidades nas versões sedã e perua. Mas uma boa parte desses carros rodava nos países que compunham a União Soviética como Polônia, Bulgária, Ucrânia e Checoslováquia. Na Alemanha Oriental rodavam também veículos de marcas soviéticas como Lada e Autovaz.
Além do Trabant, que evoluiu muito pouco a fabricante Sachsenring fabricou caminhões e uma versão “luxuosa” de automóvel, o P240.
Era montado na Checoslováquia entre 1956 e 1959 limitado a 300 unidades que tinham porte de carro médio para a época e motor 2,4 litros seis cilindros em linha.
O Trabant era uma das poucas alternativas de mobilidade individual nos países do bloco soviético. Com a queda do regime, há 30 anos, o Trabant era quase um dinossauro diante da evolução dos Carros alemães fabricados do outro lado do muro.
Em 1988 a Sachsenring chegou a lançar uma versão com motor 1,1 litro do Volkswagen Polo, mas em 1991, o “Trabbi” sucumbiu ao capitalismo que evidenciou seu atraso.
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