Pequenos no tamanho são diferentes na proposta com o mesmo objetivo: poupar combustível. Por Marcos Camargo Jr
A Renault construiu sua história centenária com modelos de sucesso com baixo consumo e proposta urbana além de esportivos e modelos de alta performance. Mesmo com feitos memoráveis como o primeiro motor turbo da Fórmula 1, a Renault sempre fez volume (e sucesso) com modelos compactos como o 4CV, 4L, 12, Twingo, Dauphine e tantos outros tem em comum as dimensões reduzidas e a economia de combustivel.
Não poderia ser diferente com o Kwid, subcompacto que foi desenvolvido na Índia e é vendido com sucesso em vários países, inclusive no Brasil. Muito antes do Kwid, um Renault fez sucesso durante três décadas seguidas, o 4L. E há muitas semelhanças entre os dois, separados por quase 60 anos.
Olhar para o passado é certeza de evoluir no futuro. A proposta do Kwid segue a mesma: um carro urbano, barato, econômico e suficiente para levar uma família com bagagem.
Até o comprimento de 3,68m é exatamente o mesmo nos dois veículos. Outra curiosidade: o Renault 4L era inspirado nos modelos maiores do seu tempo, as peruas, e o Kwid também quer ser um “SUV dos compactos” e tem nos crossovers sua inspiração.
Motor pequeno e econômico
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Nos anos 1950, um carro de entrada europeu tinha motor bem pequeno, em torno de 600 cm³ e rendimento próximo dos 20 km/l com desempenho modesto, quase inviável para viajar. No século XXI, este carro urbano tem motor 1.0 de três cilindros e 70 cv (etanol). São fórmulas bem diferentes em busca do mesmo objetivo: economizar combustível considerando a tecnologia disponível em cada época.
O visual do 4L não era muito feliz: inspirado nas vans familiares aproveitando todo o espaço interno, o resultado era um carro um pouco desproporcional. Dianteira curta, levemente inclinado para a frente graças ao conjunto de suspensão de feixe de molas atrás, o 4L queria ser leve e espaço mas jamais refinado.
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Nisso é diferente do Kwid, onde o desenho sugere que ele seja muito maior do que é. Por dentro, a simplicidade do modelo clássico permitia um painel muito simplificado sem conta-giros ou porta-luvas, substituído por um amplo espaço para guardar objetos em um compartimento inferior.
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DNA humilde
Em um carro popular é normal economizar nos detalhes. No forro de portas do antigo Renault 4L havia um revestimento de placas que permitiam ver a estrutura do carro, algo que no Kwid evoluiu bastante, mas deixou transparecer em economia pelo plástico rígido de todo o acabamento.
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O barulho do motor se faz ouvir e invade a cabine em acelerações mais bruscas. Nisso, os dois são iguais. As janelas do Renault 4L abriam para o lado, de forma deslizante para economizar o cabo de aço e a manivela, e no Kwid a economia ficou por conta da fiação, já que os botões estão no centro do painel.
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O porta-malas do antigo Renault tinha 256 litros, o que era uma grande evolução ante os carros da época, e no Kwid são 290 litros, bem próximo dos rivais, como o Fiat Mobi e o Volkswagen Up!. O velho Renault 4L evoluiu em termos de motores e tempos depois passou a receber outras soluções de 956 cc ou 1.108 cc de até 34 cv, deixando também sua simplicidade para apostar na confiança de um carro que evoluía sem deixar seu DNA.
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Ainda assim, foi fiel até o fim, mantendo o seu espaço interno, dimensões e praticamente o mesmo visual explorando nichos como furgão e até veículo off road. Já o Kwid não deve nada à sua proposta e seus 70 cv rendem bem durante nosso teste. Ainda assim, uma futura versão esportiva com turbo, assim como o 4L levou às pistas dos ralis Paris-Dacar e Cross-Elf motores 1,4 litro de 110 cv, deixaria o Kwid ainda mais divertido. Por enquanto, só o 1.0 aspirado mesmo.
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O Renault 4L (Quattrelle, para os franceses) foi um sucesso mundial, embora não tenha sido vendido por aqui. Chegou a ser montado em 16 fábricas em um total de oito milhões de unidades vendidas. O 4L só deixou de ser fabricado em 1992 deixando saudades pela sua simplicidade e eficiência.
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