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Os bastidores do Gol, o “quarentão” mais querido do Brasil

Como surgiu o carro que completa hoje seus 40 anos de vida. Por Marcos Camargo Jr

No início da década de 1970 a Volkswagen já procurava um substituto para o Fusca, que naquela altura era nada menos do que sete em cada dez carros vendidos no país.

Fruto da engenharia brasileira veio a Brasília em 1973 e depois o Passat em um segmento superior em 1974 com fórmula diretamente importada da Europa. Mas a concorrência se movimentava rápido naquela década: Dodge 1800, Fiat 147, Chevrolet Chevette e o Corcel II substituindo o primeiro modelo. 

Por um lado a resposta estava na Europa com o Golf e o Polo, que eram um sucesso mas seriam caros para serem produzidos aqui. O hatch compacto foi definido por Phillip Schmidt, que coordenou o projeto aqui depois de ter atuado na Volkswagen da Alemanha no Polo. Em 1976 foi iniciado o projeto do novo carro e o primeiro protótipo foi apresentado no ano seguinte. 

Inicialmente as linhas eram retas demais e pouco esportivas para o gosto do brasileiro. Os protótipos foram então refeitos e inspirados no Sirocco europeu com traseira mais alongada. 

Definido o estilo o que fazer com a mecânica? Vale a pena lembrar que era certa a troca dos motores boxer refrigerados a ar pelos modelos a água usados no Passat.

Fato é que ninguém sabe o motivo mas a Volkswagen escolheu usar o motor do Fusca 1300cc com 42cv posicionado na dianteira para o Gol. Oficialmente a ideia era não gerar concorrência interna com o Passat mas pode ter sido por corte de custo ou para agradar os tradicionais compradores de “carro sem radiador”. 

O corte de custos estava evidente na estratégia da Volkswagen de lançar a Variant II em 1977. Com novo desenho e muito mais espaço ela adotava motor 1.600cc de 65cv do Fuscão e não do Passat. Se isso estava ocorrendo em um produto mais caro imagine em um modelo mais em conta. 

O Gol seria um hatch de linhas retas e modernas porém um pouco mais longo que o Polo já que no Brasil de então era raro ter mais de um carro na mesma família. Como único carro da casa o Gol deveria ter porta malas generoso também o que fez a Volkswagen colocar o estepe junto ao cofre do motor, a exemplo do que era feito no Fiat 147.

Nasce um Gol de placa 

Assim há exatamente 40 anos um grande evento de lançamento deu origem ao nosso Gol. Ele nascia com a missão de substituir um carro oferecido no Brasil há 30 anos, o Fusca. 

O motor 1.3 refrigerado a ar tinha desempenho sofrível com 42cv mas logo no ano seguinte viria o 1.6 com dupla carburação e 51cv. Em 1982 o sedã derivado Voyage estrearia o motor 1.5 refrigerado a água e então estava provado que este seria o futuro do Gol. Veio a Saveiro a ar, a Parati a água e em 1984 o Gol GT com o tão esperado motor  a água: tinha comando mais forte e 99cv. 

O Gol seguiu a década de 1980 explorando versões esportivas como o GTS e o GTI em 1988. 

Em 1992 o Gol explorava a faixa de entrada com o modelo “Gol 1.000” usando o motor Ford CHT de origem Renault, rebatizado AE-1600, graças a joint-venture Autolatina. Assim o Gol estava presente desde o modelo mais em conta ao esportivo GTI. 

Em 1994 chegaria a nova geração e o Gol a esta altura já era um sucesso absoluto. Vieram novos motores como o 1.0 16V e o 1.0 turbo sem parar de evoluir à sua maneira. Foram mais de duas décadas de liderança e enquanto aguarda uma nova geração o veterano Gol segue como símbolo de resistência e baixa manutenção além de boa liquidez no mercado de usados. 



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