Esportivo era bem mais em conta do que um Shelby e um pouco mais caro que um Mustang GT. Por Marcos Camargo Jr
O Ford Mustang sempre foi um fenômeno de vendas desde que estreou em abril de 1964. Com motor seis cilindros e opção de um V8, logo a montadora percebeu que sua vocação era a esportividade. Veio logo o Shelby assinado pelo famoso preparador o que elevou o compacto a categoria de carro dos sonhos. Assim a Ford ousou e diversificou o Mustang. No final dos anos 1960 todos queriam um esportivo da linha mas bem todos tinham dinheiro para comprar um Shelby.
A reestreia do Mach 1 na linha Ford nos faz lembrar do primeiro modelo desta versão que surgiu exatamente há 52 anos. Vamos relembrar
Em 1968 o Mach 1 foi mostrado pela primeira vez em um evento grandioso como um modelo “topo de linha entre os acessíveis” da marca. Nesta época o Shelby GT500 custava US$ 5.027 além dos opcionais o que era muito, quase o dobro de um Mustang GT V8 302 comum.
A ideia era que fosse um superesportivo acessível, sem usar o motor maior da gama mas que ao mesmo tempo fosse desejado pelo pacote oferecido. No portfólio além do Mustang base havia o GT, Boss 302 com visual esportivo, Boss 429 com motor big block e visual esportivo, Shelby GT 350 e o desejado Shelby GT 500. A gama de preços era bem variada. O modelo mais simples, Hardtop com motor V8, custa US$ 2.740, enquanto o Boss US$ 3.400 e havia uma faixa a ser explorada até os US$ 5 mil.
O Mach 1 era mais do que o Boss que por sua vez ficava só no estilo mais carregado do carro mantendo o motor V8 tradicional. O Mach 1 era mais do que isso. Mas tinha no visual várias mudanças interessantes e a de maior destaque era o SportsRoof, com todos os acessórios visuais na parte superior do carro como o capô pintado na cor preta com presilhas, o scoop, aerofólio, bocal de abastecimento cromado, pneus Goodyear Polyglas, ponteiras de escapamento cromadas, spoilers e persianas esportivas no vigia, chamado nos EUA de SportSlats.
Há via três opções de motores na versão Mach 1: o motor “básico” era o V8 351 5,8 litros já com suspensão esportiva mais rígida e carburador de corpo duplo que deixava o carro com 250cv ou o de corpo quádruplo de 290cv. Havia opção de usar o motor V8 390 6,4 litros (320cv) e o 428 Cobra Jet 7,0 litros com 335cv. Nas versões Cobra tinha o chamado “drag pack” com algumas modificações de motor, rodas traseiras maiores e com bitola mais larga e diferencial preparado (Traction Look). Os preços iam de US$ 3.200 a R$ 4.000 conforme o motor escolhido mais opcionais.
Era muito menos que um Shelby é um pouco mais do que um Mustang GT de US$ 2.700.
O ano de 1970 traria mudanças visuais deixando o Mach 1 com estilo mais carregado e não menos potente na virada da década. A mais importante e que inspirou o Mach 1 2020 apresentado pela Ford são os farois auxiliares incluídos na grade além das lanternas esportivas sobre pintura preta na traseira, novo interior com bancos mais confortáveis e emblemas renovados.
Ao longo dos anos 1970 o Mach 1 teve duas fases com seu auge e declínio. A primeira até 1973 foi marcante onde o Mach1 cresceu de tamanho e recebia mais opções e após a crise do petróleo ele perdeu motores de grande capacidade embora mantivesse o 302 e 351 V8 porém com muito menos força usando carburadores Autolite de corpo duplo ou quádruplo. O Mach 1 durou até 1978 quando finalmente sucumbiu à crise do consumo (e do preço) da gasolina.