Lançado efetivamente em 1948, dez anos após os primeiros protótipos, teve mais de 5 milhões de unidades produzidas. Por Marcos Camargo Jr
Citroën 2CV, Renault 4CV, Fiat 500 e Volkswagen Fusca. São muitos os ícones da era de mobilização da Europa no pós II Guerra Mundial. Na França, alguns projetos ficaram famosos mundialmente como é o caso do ícone do design e da simplicidade 2CV. Ele foi produzido por 40 anos na França mas também foi feito com boa aceitação em países como Tchecoslováquia, Argentina, Chile, Bélgica e Portugal para citar alguns exemplos. Mas qual é sua história completa?
Esse projeto era fruto de uma época de um mercado ávido por entregar mobilidade acessível a grandes população, cenário bem diferente de hoje.
O projeto do Citroën 2CV foi aprovado por Pierre Jules Boulanger e de Pierre Michelin, filho de Edouard Michelin. A ideia do carro barato, capaz de levar quatro pessoas e 50kg de bagagem ficou pronta em 1937, mesmo tempo em que outros países trabalhavam em projetos simulares. O carro foi apresentado dois anos depois mas o projeto foi interrompido por conta da II Guerra em 1939. Cerca de 250 unidades foram feitas como protótipo mas os alemães destruíram todos os projetos das marcas concorrentes. Ainda assim o projeto seria salvo por uma unidade que restou dentro da fábrica da Citroën e jamais foi destruída. Aliás, foi preservada e segue exposta até hoje.
Com 375cc o pequeno motor tinha 9cv e chegava a 55km/h, adequado à época. Simples, dispensava chave de ignição e as portas encaixadas tinham uma trava simples e os vidros se abriam como uma janela de correr. A suspensão era independente com um sistema bem simplificado de amortecedores e molas.
Por ser simples o Citroën 2CV era muito robusto. Nos anos 1950 ganharia motor de 425cm3 e velocidade final em torno dos 70km/h. Nessa época ele ganharia a concorrência de outros populares de grande aceitação como o Fusca e o 500 chegando a outros países da Europa.
Spot, o Charleston, Hermes e Cocorico foram algumas das muitas versões especiais do carismático 2Cv.
Além disso essa engenharia simplificada do Citroën 2Cv também deu origem a uma família de utilitários como o 2CV AU já em 1951 e depois a 2 CV AZ em 1954.
Os engenheiros da Citroën então preparavam novidades como o Diane, que era um 2Cv rebatizado e com motor de 600cc com 32cv superando os 120km/h, o Ami 6 que tinha proposta familiar e outro tipo de carroceria mas já nos anos 1960.
Além do 2Cv 4×4 Sahara com dois motores e do Mehari fizeram do pequeno Citroën um sucesso em países do Oriente Médio e competições de longa distância ainda que em baixa velocidade.
Essa foi a trajetória de um carro que ganhou outros países com boa aceitação em outros países da América Latina como a Argentina e Uruguai.
Infelizmente ele não foi lançado por aqui uma vez que a Volkswagen se estabeleceu localmente para desenvolver o mercado com o Fusca já a partir de 1953 montado aqui e 1959 com 50% de nacionalização. Outros modelos como o Renault Dauphine de mecânica simplificada também tiveram boa aceitação no mercado nacional.
Até o fim dos anos 1980 o 2Cv foi produzido na França mas as últimas unidades foram fabricadas em Portugal. Ele deixou a linha de produção em julho de 1990 somando 5.114.969 unidades sendo 1.246.335 vans 2 CV.