Carros mais velhos cairão menos de preço especialmente modelos com mais de 10 anos de uso. Por Marcos Camargo Jr.
O anúncio do governo de concessão de um desconto em nota fiscal entre R$ 2 mil e R$ 8 mil válido para carros de até R$ 120 mil vai movimentar o mercado de carros novos mas também de usados. Como se sabe, a cada carro novo vendido outros quatro usados são negociados. Mas o que vai acontecer com o preço dos modelos usados? Vai cair? Em que proporção?
O AUTOSHOW conversou com analistas de mercado para entender o cenário dos carros usados a curto prazo. “O mercado de usados ganha tração porque a venda de carros novos volta a ficar em alta. Sem dúvida o preço dos usados vai cair mas de forma mais acentuada entre os seminovos mas isso já vinha ocorrendo desde o final do ano passado”, explica Leandro Ferrari, diretor da CarShopper e especialista de mercado.
No entanto, esse movimento de venda de carros novos já estava com viés de alta porque a economia está mais lenta e o crédito está caro. “Veja que as montadoras já estavam oferecendo bônus e isso tende a ficar mais evidente agora. Algumas marcas estão oferecendo R$ 10 mil de bônus além do desconto em nota fiscal”, diz Ferrari.
Seminovo vai cair mais e carro velhinho, bem menos
Com essa redução de preço dos novos o consumidor precisa fazer a conta sobre o que vale a pena. Um exemplo é do Renault Kwid 2024 agora sai por R$ 58.990,00. “Como o crédito está mais caro e restrito o consumidor tem que fazer a conta dos juros e o valor final para saber o que vale mais a pena”.
O carro da Renault linha 2024 que teve R$ 10 mil de redução está bem próximo da cotação de tabela para o modelo 2022: R$ 53.350,00. Com uma entrada de 60%, em torno de 48x de R$ 699, o valor final ficará em R$ 69.643,00, bem próximo do valor antigo já com juros. O mesmo carro 2022 com a mesma entrada terá valor final com juros em torno de R$ 73 mil, o que dá vantagem ao carro zero quilômetro. “Sem dúvida vale a pena mas temos que levar em consideração: mais de 43% das pessoas estão endividadas sem condições de pagar suas contas. No passado já tivemos uma bolha de venda de carros de entrada que resultou em maior endividamento e o melhor é sempre negociar à vista”, alerta Ferrari.
Agora, os modelos usados, mais velhos, que já vinham caindo de preço há um ano, deverão manter o mesmo patamar. Especialmente os modelos 1.0 completos, com valor mais acessível, que são negociados à vista. “Esses carros estão com tíquete entre R$ 25 e R$ 35 mil, enquanto um modelo novo custa o dobro. Nesses carros mais antigos como Corsa, Palio, Sandero, Gol, modelos mais antigos em geral já fora de linha, tendem a ficar no mesmo patamar de preço”, finaliza.
Momento de comprar?
Sem dúvida a vantagem agora está nas mãos do comprador. Negociar um preço menor tendo em vista a queda de preço – ainda que momentânea – no mercado de carros novos, dá ao comprador um grande poder de barganha por um preço melhor. O importante é fazer a conta e preferir negociar sempre à vista pois o crédito continua restrito e com juros altos e deve ficar assim por um bom tempo.
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