Gurgel Itaipu foi desenvolvido no país nos anos 1970. Por Marcos Camargo Jr

Na mesma semana em que a BYD divulgou o lançamento do primeiro “carro elétrico 100% brasileiro”, o Dolphin Mini, olhamos para a história com olhar mais atento para descobrir que o subcompacto chinês – que faz sucesso diga-se de passagem – não é o primeiro elétrico a ser feito aqui.

No Brasil tivemos veículos elétricos importados nos primórdios, ônibus elétricos e o primeiro carro elétrico feito em série muito antes do Dolphin Mini foi o Gurgel Itaipu E400.

História dos elétricos brasileiros
A Gurgel se estabeleceu na década de 1960 e fez sucesso por três décadas.

No começo dos anos 1970 a Gurgel apresentou o E150, um subcompacto elétrico com desenho quadrado e futurista com 460kg e motor de 120 volts fabricado na França de 4,2CV com baterias de 3,2kw. Apresentado em 1974, ele deu origem a um projeto bem sucedido anos depois: o Itaipu E400. Ao todo, o E150 teve 26 unidades produzidas e o seu sucessor seria de fato o primeiro carro elétrico produzido em série.

Evolução com o Gurgel E250
Em 1975 surgiu o Gurgel Itaipu E250, que era uma proposta comercial de olho em uma demanda criada pela Eletrobras para que empresas comprassem carros elétricos.

Na época, a primeira crise do petróleo elevou os preços e os postos fechavam nos finais de semana. Essa versão não foi feita em série mas levava 250kg e tinha autonomia para 65km rodando entre 50 e 60km/h.

Gurgel E400
Foi só em 1981 que a Gurgel finalmente lançou o E400 que usava chassi próprio com linhas quadradas em três perfis: picape cabine simples, picape cabine dupla e furgão de carga.

O Itaipu E400 foi apresentado ao então presidente militar General Figueiredo e tinha motor de 10kw (13,5cv), conseguia chegar a 75km/h e tinha baterias para rodar até 80km com uma carga. O presidente deu uma volta no carro e entregou a primeira unidade para a Telebras.

Várias empresas adquiriam unidades do Itaipu E400 e usavam no serviço diário em empresas estatais e privadas.

A durabilidade das baterias permitia uma utilização até cerca de 60 mil quilômetros porém eram acumuladores de chumbo-ácido (o mesmo das baterias 12V dos carros convencionais) que custavam caro e o projeto perdeu força. Ainda assim, teve versões mais potentes como o E500 até meados dos anos 1980.

Seja como for o Gurgel E400 teve pouco mais de 1.000 unidades produzidas e portanto foi o primeiro carro brasileiro elétrico produzido em série.