A Renault dá um novo passo a partir do lançamento do Kardian. Engana-se quem acredita que a novidade é mais um facelift da linha Sandero ou Stepway. O novo carro lançado no Brasil nesta semana é o primeiro fruto de um investimento bilionário em uma renovação completa de produtos da marca por aqui.
O Renault Kardian é um SUV compacto com motor 1.0 turbo TCe e câmbio automatizado de dupla embreagem que chega em três versões com preços entre R$ 112 (Techno) e R$ 132 mil (Première Edition): mas o que ele oferece?
Design
O Renault Kardian se distancia de Sandero, Logan, Duster e Oroch, que são modelos vendidos na Europa pela Dacia, ao ter um visual moderno com faróis angulares e com uma assinatura luminosa arrojado, além de trazer uma grade frontal escurecida com a nova logomarca da empresa ao centro, o que o deixa mais próximos dos produtos da Renault. Contudo, a traseira ainda traz faróis diminutos no formato de “C” que lembram um pouco a linha Sandero. As rodas são de 17 polegadas com uma pegada aventureira. O estilo é mais parecido por exemplo com o Renault Mégane E-Tech e os novos SUvs como o Austral vendidos na Europa.
Todo esse desenho esta construído em cima da nova plataforma da marca chamada de Renault Group Modular Plataform, sem relação com a B0 dos Dacia/Renault.
Por dentro, o Renault Kardian dá um salto em qualidade de montagem. A versão topo de linha traz painel de instrumentos de 7 polegadas, que conta com gráficos modernos e um conta-giros na horizontal no formato de barras, o que é bem futurista.
O cluster ainda permite ver consumo, pressão dos pneus ou outras configurações de maneiras rápidas e práticas. Já a central multimídia de 8 polegadas permite conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Inclusive, funciona bem tanto com cabo ou sem vai bem. Só um adendo, se comparar com a multimídia do Pulse e do Nivus, a do Renault vai parecer ultrapassada pela qualidade da tela e, também, por não rodar ter ajustes como uma tela de smartphones. Todavia, se for apenas para emparelhar o telefone móvel com a multimídia não terá problemas.
Ficha técnica
Em relação ao espaço interno, o Renault Kardian se mostra evoluído em todos os sentidos. A novidade tem 4,11m de comprimento, próximo das dimensões de um hatch mais alto. O entrei-eixos é de 2,60 metros, o que permite adultos irem bem nos bancos traseiros com o bom aproveitamento de pernas e ombros. Mas com uma largura de 1,75 metro apenas dois vão confortáveis enquanto o passageiro sentado no meio vai um pouco apertado. O Kardian tem 1,60 metro de altura e o porta-malas tem 410 litros, suficiente para o porte do carro.
Novo motor e transmissão
O Renault Kardian estreia o novo motor 1.0 litro TCe de três cilindros flex com injeção direta, que é derivado do 1.3 turbo, compartilhando 70% dos componentes. Vale lembrar que esses motores foram desenvolvidos em parceria com a Mercedes-Benz. O 1.0 TCe tem 120 cv e 20,4 kgfm de torque com gasolina e 125 cv com 22,4 kgfm de torque com etanol.
Esse motor está acoplado a uma transmissão automática de dupla embreagem banhada a óleo, que traz multidisco e mantém peças móveis lubrificadas, além de ter um tamanho reduzido. Essa transmissão permite engates precisos e suaves, pois antes de engatar a marcha ela já deixa a próxima pré engatada. Segundo a fabricante, quase todos os modelos dela na Europa utilizam essa transmissão.
Entre os itens de série em segurança estão os 6 airbags, controles de tração e estabilidade , mas a novidade é o pacote ADAS com 13 tecnologias, entre elas piloto automático adaptativo, assistente permanência em faixa, frenagem automática de emergência, entre outros. Mas isso só aparece na versão Première Edition que é a mais completa.
Teste com o novo Renault Kardian
Em um primeiro contato com o Kardian, rodamos entre as cidades de Gramado e Canela entre trechos urbanos e de Serra incluindo um trecho curto de terra. Na prática fica evidente a distância do Kardian para outros produtos da Renault. O SUV tem bons níveis de resposta, mantém a marcha engatada nas retomadas e bom controle da carroceria mesmo na terra.
A princípio foi um carro bem calibrado para a rodagem no Brasil mesclando conforto e controle. Dificilmente ela vai dar final de curso. Outro ponto positivo fica por conta da posição do motorista, que tem ajustes manuais dos bancos, que têm um bom acabamento e retrovisores de tamanho adequado. A coluna de direção também permite ajustes, o que possibilita ter um bom nível de conforto ao dirigir.
O motor 1.0 turbo, tem um ronco interessante, que até lembra modelos esportivos. A vibração do motor TCe também é ponto de destaque. Ele é suave e só lembra que se trata de um três cilindros mas retomadas mais fortes. Mas durante a viagem de estrada pode incomodar um pouco o barulho que entra pela cabine que foi o único senão neste primeiro contato. De resto, anda bem com retomadas ágeis sem engasgos ou a morosidade do câmbio CVT presente em outros modelos. Já o de zero a 100 km/h é feito em 9,9 segundos, conferindo uma saída sem sufoco. Inclusive, o torque de 22 kgfm em baixas rotações ajuda bastante na saída.
Consumo do Renault Kardian: segundo o Inmetro o Kardian faz 13,9 km/l na estrada com gasolina e 9,7 km/l com etanol.
Claro, alguns pontos podem ser melhorados pela marca, como a central multimídia, a câmera de ré, que mesmo 360 graus, tem imagem longe de uma definição boa e o acabamento é bom mas ainda com rebarbas. A herança do controle de som “Satelite” é a única peça que encontramos compartilhada com antigos Renault.
Vale o preço?
Com o Kardian a Renault mostra que está de volta ao jogo assim como fez quando lançou aqui o Duster e o Sandero em outros tempos. O conjunto motor é bem satisfatório, o conjunto de suspensão é adequado e o nível de itens de série é interessante. O preço, que é inferior aos dos rivais também ajudará o Kardian ir bem nas vendas. Para uma concorrência acirrada, o Kardian está bem escalado para o jogo enfrentando Nivus e Pulse de frente sem se preocupar .