20/01 é dia do Fusca: por que ele saiu de linha e voltou 7 anos depois? 

Com 3 milhões de unidades produzidas, o Fusca teve duas fases nacionais: de 1959 a 1986 e depois de 1993 a 1996

Fusca 1993 na Garagem VW (Marcos Camargo – AutoShow)

O Volkswagen Fusca guarda uma história surpreendente e só no Brasil teve 3,1 milhão de unidades produzidas de um total de 21 milhões em outros países. Dia de janeiro comemora-se o Dia Nacional do Fusca, data em que a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo iniciou sua produção em 1959.

Primeiro Fusca nacional de 1959 (VW Divulgação)

Curiosamente já nesse ano o Fusca era um carro de projeto ja bem antigo. Naquela ocasião a importação do primeiro Fusca alemão para o Brasil já tinha sido feita há nove anos e comercialmente o Fusca já tinha quase 15 anos de mercado sendo que o projeto original de Ferdinand Porsche era da década de 1930.

Protótipos do VW Sedan no final dos anos 1930 (VW Divulgação)

Mas por que o Fusca saiu de linha em 1986 após tanto sucesso? 


O Fusca deixou de ser produzido em 1986 após 37 anos. Em outros países como a Alemanha os últimos Fuscas foram feitos em 1978 enquanto o México ainda fabricava o besouro e seguiu produzindo Fuscas até 2003.

produção do Gol na fábrica de Taubaté/SP (VW Divulgação)

No entanto ao tirar o Fusca de linha pela primeira vez a Volkswagen seguia um plano de modernização da marca que havia sido iniciado em 1974 com o Passat, depois a partir de 1980 com o Gol (depois Saveiro, Parati e Voyage) e o Fusca apesar do público cativo não poderia receber motores mais modernos ou ganhar itens agora exigidos pelas regras de segurança sem que fosse preciso investir muito na sua produção. 

Fusca produzido em maio de 1986 (Marcos Camargo – AutoShow)

Assim, o Fusca foi descontinuado naquele ano. E o Fusca de 1986 já era muito diferente daquele primeiro modelo de 1959 que tinha motor 1200.

Interior com detalhes modernizados (Marcos Camargo – AutoShow)

O Fusca 1986 representa as últimas evoluções mecânicas do besouro no Brasil. Tinha motor 1600 boxer refrigerado a ar com 65cv alimentado por dois carburadores (evolução que começou no Fusca 1600S), ignição eletrônica, freio dianteiro a disco, e uma padronagem que já era bem atualizado em relação aos primeiros modelos do final dos anos 1950.

Motor 1600 a álcool (Marcos Camargo – AutoShow)0

Tinha painel revestido em plástico preto, o volante usado na linha do Gol, instrumentação mais moderna, novos bancos mais anatômicos e mais largos.

Matéria do jornal O Estado de São Paulo

O exemplar guardado na Garagem Volkswagen tem motor 1600 alimentado a etanol e já com tanque de partida a frio e um botão local localizado à esquerda do painel para injeção de gasolina.

Fusca Itamar e suas evoluções 

Acervo da VW é o registro de Itamar Franco com o Fusca (VW Divulgação)

Por que ele voltou em 1993? Primeiro temos que entender o contexto da época. A Volkswagen já tinha o Gol 1000, versão de entrada da época que vendia muito bem. O presidente da época Itamar Franco era um entusiasta do carro e tinha um Fusca em sua garagem. Logo após assumir a presidência no lugar do ex presidente Fernando Collor, Itamar foi pessoalmente à Volkswagen e pediu que o Fusca voltasse a ser produzido.

(VW Divulgação)

 O pedido no entanto, não era fácil de se concretizar. Não havia máquinas, moldes, nem mesmo os funcionários que fabricavam o Fusca disponíveis para que isso ocorresse. A Volkswagen teve que recontratar pessoas, recomprar o maquinário e até mesmo projetistas que conheciam os desenhos técnicos nas planilhas feitas à mão, para concretizar o sonho de Itamar. Tempos depois Itamar reeditou a medida provisória que reduzia impostos para impulsionar a venda de carros populares. 

Fusca 1993 da Garagem 

Fusca 1993 (Marcos Camargo – AutoShow)

Outro exemplar interessante do acervo era o Fusca Itamar 1993, que marca a retomada da produção do carro. Aquela altura já haviam 13.000 pedidos de clientes esperando para receber o seu fusca novo na garagem. e ele de fato receber uma série de aprimoramentos mecânicos e de itens de série. 

Interior com padronagem cinza (Marcos Camargo – AutoShow)

O Fusca Itamar tinha visual com pára-choques metálicos pintados na cor do veículo e revestidos com um amplo borrachão, pneus radiais, friso lateral e sistema de faróis duplos. 

Por dentro o padrão de revestimento era na cor cinza, tendência da época. O painel tinha revestimento cinza e com mais instrumentos com formato oval e o volante também era o mesmo do Gol dos anos 1990. 

Mecanicamente, o Fusca Itamar tinha alguns aprimoramentos interessantes mas, lamentavelmente, não recebeu alimentação por injeção eletrônica, algo que o modelo fabricado no México até 2003 já oferecia. Ele tinha o mesmo motor 1600 Boxer porém Com 57cv de potência, a adição de um catalisador para filtrar gases poluentes, pneus radiais para maior conforto, Novo sistema de velas e também sistema elétrico de maior potência.

Catálogo de época (VW Divulgação)

A produção do Fusca durou até 1996. Ele já não fazia o mesmo sucesso da primeira fase até porque os tempos eram outros. Já havia uma nova geração de compactos da linha Gol além de modelos modernos como o Ford Fiesta, Chevrolet Corsa, Fiat Palio que acabava de estrear e do próprio Uno Mille. A despedida do Fusca ficou marcada pela Série Ouro com 1.500 exemplares produzidos.